McTaggart e o problema das séries infinitas

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Guilherme Ghisoni da Silva

Resumo

O objetivo deste artigo é mostrar que há ao menos uma concepção de infinito que tornaria problemática a aplicação da argumentação presente no paradoxo de McTaggart às séries infinitas. Pretendo também mostrar que há evidências textuais para a atribuição de tal concepção ao autor. A tese central que pretendo sustentar é que, se a série for infinita, e o infinito for concebido como interminável, nunca alcançaríamos a perspectiva na qual todos os termos da série teriam simultaneamente as três características incompatíveis (passado, presente e futuro). A presentidade percorreria cada um dos eventos da série de maneira sucessiva (diacrônica), sem nunca alcançar o término da série (que, por princípio, seria interminável). Assim, nunca chegaríamos ao primeiro passo do paradoxo, da incompatibilidade simultânea das três características (evitando também o segundo passo do paradoxo, que nos levaria da circularidade ao regresso ao infinito). Para McTaggart, as características (passado, presente e futuro) são apenas incompatíveis quando são simultâneas, mas não há contradição no fato de que cada termo da série temporal as tem sucessivamente.

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Artigos
Biografia do Autor

Guilherme Ghisoni da Silva, Departamento de Filosofia, Universidade Federal de Goiás (UFG)

Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (2004), mestrado em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (2006) e doutorado em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (2011), com estágio na Université Pierre-Mendès-France - Grenoble II na França (2010). Ganhador dos Prêmios ANPOF 2006-2007 de Melhor Dissertação de Filosofia do Brasil da Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia (ANPOF) e Destaque Acadêmico do Ano de 2010 da UFPR. Autor de vários artigos acadêmicos e capítulos de livros sobre filosofia da linguagem, tempo, memória e fotografia. Atualmente é coordenador do projeto de extensão Grupo de Estudos de Filosofia da Fotografia (UFG), que tem em vista desenvolver uma abordagem analítica da filosofia da fotografia e projetos visuais a partir das reflexões filosóficas. É professor da Faculdade de Filosofia na Universidade Federal de Goiás (FAFIL-UFG), responsável pelas disciplinas de Filosofia Contemporânea Analítica e Filosofia da Linguagem, e professor do Programa de Pós-Graduação da FAFIL. Participou e organizou eventos na área de Filosofia da Linguagem e Filosofia da Arte.