Tragédia e antitragédia na Apologia de Sócrates: uma análise retórica

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Luisa Severo Buarque de Holanda

Resumo

Um dos assuntos mais caros a qualquer intérprete da Apologia de Sócrates de Platão é o problema da relação entre Sócrates e a arte retórica, que a personagem ao mesmo tempo emprega e censura. Quase todas as estratégias discursivas contidas na fala de Sócrates podem ser analisadas sob essa perspectiva. Neste artigo, dedico-me ao exame de uma dessas estratégias, que desempenha importante papel dentro da construção do discurso socrático: trata-se do exemplo de Aquiles que, no trecho da Ilíada citado na obra, vai deliberadamente ao encontro da morte para vingar Pátroclo. Comparando a sua própria situação à do herói e tomando como foco a pena de morte proposta por seus acusadores, o filósofo reflete acerca do risco a que se expõe naquela ocasião; justificando-se, ele relembra a situação do herói épico que preferiu evitar a desonra a evitar a morte. A partir de uma análise detalhada do trecho em questão, bem como de uma confrontação com o texto homérico ali citado, pretendo extrair as consequências que esse exemplo pode ter para a leitura do diálogo como um todo.

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Artigos
Biografia do Autor

Luisa Severo Buarque de Holanda, PUC-Rio

Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1997), mestrado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001), doutorado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2008) e pós-doutorado em Filosofia pela Sorbonne (Centre Léon Robin, 2010). É professora adjunta do Departamento de Filosofia da PUC-Rio (graduação e pós-graduação stricto sensu em Filosofia) e integra os seguintes grupos de pesquisa: Ousia (Laboratório de Estudos de Filosofia Clássica da UFRJ, coordenado pelo Prof. Dr. Fernando Santoro), Pragma (Programa de Estudos em Filosofia Clássica da UFRJ, coordenado pela Profa. Dra. Maria das Graças de Moraes Augusto) e Nufa (Núcleo de Filosofia Antiga da PUC-Rio, coordenado pela Profa. Dra. Maura Iglesias). Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Filosofia Antiga, atuando principalmente nos seguintes temas: arte, tragédia, mímesis, Platão e Aristóteles, História da Filosofia Antiga, Filosofia da Linguagem na Antiguidade. Desde julho de 2016, coordena o Instituto de Estudos Avançados em Humanidades da Puc-Rio. Desde janeiro de 2018, é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC).