Reapropriação do tempo e do eu na carta 1 de Sêneca

Conteúdo do artigo principal

André Alonso

Resumo

Sêneca compõe suas Cartas a Lucílio no final de sua vida. Nas 124 cartas que nos chegaram, ele trata de diferentes temas, a maioria dos quais tem uma conexão substancial com os dramas existenciais de todo homem, de modo que nós poderíamos reconhecer a condição humana como o tópico principal das cartas. A breve carta de abertura trata da economia do tempo. Sêneca explica que o tempo é nossa mais valiosa mercadoria e mostra os diferentes modos pelos quais somos destituídos de sua posse. Usando uma série de imperativos, como o faria um médico em uma receita, ele incita seu pupilo a assumir o controle do tempo de que ele tem sido privado. Neste artigo, analiso a primeira carta e mostro como Sêneca considera o tempo a matéria mais essencial de uma transformação filosófica da vida humana. Defendo que nessa carta ele constitui um plano da cura filosófica de Lucílio através da recuperação do tempo perdido e que, de acordo com sua visão, o controle do tempo é o primeiro passo para o controle do eu.

Detalhes do artigo

Seção
Artigos
Biografia do Autor

André Alonso, Universidade Federal Fluminense (UFF) / Universidade Feeral do Rio de Janeiro (UFRJ)

Possui graduação em Direito pela Universidade Federal Fluminense (1993), graduação em Filosofia (Bacharelado) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1994), graduação em Filosofia (Licenciatura) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1993), mestrado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998), mestrado em Filosofia (Diplôme D'études Approfondies) - Université Catholique de Louvain (2000) e doutorado em Filosofia e Letras - Université Catholique de Louvain (2004). Atualmente é professor associado IV da Universidade Federal Fluminense e professor do Programa de Pós-graduação em Filosofia (PPGF) da UFRJ. Atua principalmente nos seguintes temas: letras clássicas, filosofia antiga, filosofia medieval, paleografia latina, crítica textual.

Referências

AULO GÉLIO. A. Gelli Noctes Atticae. Vols. 1-2. Recognovit brevique adnotatione critica instruxit K. Marshall. Oxonii: e Typographeo Clarendoniano, 1968.
CHANTRAINE, Pierre. Dictionnaire Étymologique de la Langue Grecque: histoire des mots. Paris: Klincksieck, 1999.
EDWARDS, Catharine. Ethics V: death and time. In: DAMSCHEN, Gregor; HEIL, Andreas (org.). Brill’s Companion to Seneca Philosopher and Dramatist. Leiden, Brill, 2014. p. 239-256.
ERNOUT, Alfred, MEILLET, Alfred. Dictionnaire Étymologique de la Langue Latine: histoire des mots. Retirage de la 4e édition augmentée d’additions et de corrections par Jacques ANDRÉ. Paris: Klincksieck, 2001.
HADOT, Pierre. La citadelle intérieure: Introduction aux Pensées de Marc Aurèle. Paris: Fayard, 2011.
NATALI, Monica: ver REALE.
REALE, Giovanni. Lucio Anneo Seneca: tutte le opere - dialoghi, trattati, lettere e opere in poesia. A cura di Giovanni Reale, con la collaborazione di Aldo Marastoni, Monica Natali e Ilaria Ranelli. Milano: Bompiani, 2000.
REYNOLDS: ver SÊNECA. L. Annaei Senecae ad Lucilium Epistulae Morales.
SÊNECA. De Brevitate vitae: ver SÊNECA. L. Annaei Senecae Dialogorum Libri Duodecim.
SÊNECA. L. D. L. Annaei Senecae ad Lucilium Epistulae Morales. Vols. 1-2. Recognovit et adnotatione critica instruxit L. D. Reynolds. Oxonii: e Typographeo Clarendoniano, 1965.
SÊNECA. L. Annaei Senecae Dialogorum Libri Duodecim. Recognovit brevique adnotatione critica instruxit L. D. Reynolds. Oxonii: e Typographeo Clarendoniano, 1977.
SETAIOLI, Aldo. Epistulae Morales. In: DAMSCHEN, Gregor; HEIL, Andreas (org.). Brill’s Companion to Seneca Philosopher and Dramatist. Leiden, Brill, 2014a. p. 191-200.
SETAIOLI, Aldo. Philosophy as Therapy, Self-Transformation and “Lebensform”. In: DAMSCHEN, Gregor; HEIL, Andreas (org.). Brill’s Companion to Seneca Philosopher and Dramatist. Leiden, Brill, 2014b. p. 239-256.
SMITH, R. Scott. Physics I: body and soul. In: DAMSCHEN, Gregor; HEIL, Andreas (org.). Brill’s Companion to Seneca Philosopher and Dramatist. Leiden, Brill, 2014. p. 343-361.