Derrida, leitor de Schmitt: o conceito do político e o espectro do inimigo

Conteúdo do artigo principal

Deyvison Rodrigues Lima

Resumo

O tema do artigo é a leitura de Jacques Derrida acerca do conceito do político de Carl Schmitt. A partir da noção de hantise, a tradição da ontologie é caracterizada como a busca por uma presença como fundamento ou origem. Todavia, a lógica espectral se insinua na realidade, pois diferimento que nunca se faz presente. Por isso, o originário seria ele mesmo tardio, visto que posterior à aparição do espectro, isto é, a espera por sua reaparição. Na leitura derridiana, o conceito do político schmittiano é relacionado à tentativa de exclusão da indeterminação dessa presença-ausência através da inimizade ou da guerra. Desse modo, a existência da ordem política remeteria à presença espectral do inimigo como a possibilidade real de dar a morte, estabelecendo a identidade entre político, guerra e inimigo, bem como a experiência da impossibilidade da ordem.

Detalhes do artigo

Seção
Artigos

Referências

Agamben, G. Carl Schmitt. Un giurista davanti a se stesso. Vicenza: Neri Pozza Editora, 2012.

Castelo Branco, P. Secularização Inacabada: Política e Direito em Carl Schmitt. Curitiba: Appris, 2011.

Chamayou, G. A sociedade ingovernável: uma genealogia do liberalismo autoritário. Tradução de Letícia Mei. São Paulo: Ubu, 2020.

Derrida, J. Gramatologia. Tradução de Miriam Schnaiderman e Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Perspectiva, 2017.

Derrida, J. Spectres de Marx. Paris: Galilée, 1993.

Derrida, J. Politiques de l’amitié. Paris: Galilée, 1994.

Derrida, J. Força de lei. O fundamento místico da autoridade. Tradução de Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

Esposito, R. Due. La macchina della teologia politica e il posto del pensiero, Turim: Einaudi, 2013.

Ferreira, B. Schmitt, representação e forma política. Lua Nova, nº 61, p. 25-51, 2004.

Franco de Sá, A. Heidegger e a política da diferença ontológica. In: O que nos faz pensar, v. 24, n. 36, pp. 89-105, mar. 2015.

Galli, C. Genealogia della politica. Carl Schmitt e la crisi del pensiero politico moderno. 2ª ed. Bolonha: Il Mulino, 2010.

Galli, C. Lo sguardo di Giano. Saggi su Schmitt. Bolonha: Il Mulino, 2008.

Galli, C. Contaminations: Irruptions of the Void. Diacritics, 39(4), pp. 186–200, 2009.

Haddock-Lobo, R. Derrida e o labirinto de inscrições. Porto Alegre: Zouk, 2008.

Lacoue-Labarthe, P.; Nancy, J-L. Ouverture. In: Lacoue-Labarthe, P.; Nancy, J-L. (Orgs.). Rejouer le politique. Paris: Galilée, 1981, pp. 11-28.

Ojakangas, M. Philosophies of ‘Concrete’ Life: from Carl Schmitt to Jean-Luc Nancy, Telos, no 139, pp. 25-45, Fall, 2005.

Romandini. F. Princípios de espectrologia. A comunidade dos espectros II. Tradução de Leonardo D`Avila e Marco Antonio Valentim. Florianópolis: Cultura e Barbárie, 2018.

Schmitt, C. Verfassungslehre. 8a ed. Berlim: Duncker & Humblot, 1993.

Schmitt, C. Die Wendung zum totalen Staat. In: Positionen und Begriffe im Kampf mit Weimar, Genf, Versailles 1923-1939. 3a ed. Berlim: Duncker & Humblot, 1994[a], pp. 166-178.

Schmitt, C., Weiterentwicklung des totalen Staats in Deutschland. In: Positionen und Begriffe im Kampf mit Weimar, Genf, Versailles 1923-1939, 3a ed. Berlim: Duncker & Humblot, 1994[b], pp. 211-216.

Schmitt, C., Starker Staat und gesunde Wirtschaft. In: Staat, Grossraum, Normen. Arbeiten aus den Jahren 1916-1969, Berlim: Duncker & Humblot, 1995, pp. 71-91.

Schmitt, C. Der Begriff des Politischen. 7a ed., Berlim: Duncker & Humblot, 2002.