Pandemia pensante: notas sobre o que estamos nos tornando

Conteúdo do artigo principal

Maria Cristina Franco Ferraz

Resumo

Partindo da retomada do conceito bergsoniano de percepção em Matéria e memória, o artigo tematiza certas implicações da retração atual de nossas ações possíveis. A seguir, discute efeitos da situação de isolamento e distância social sobre o fechamento do corpo e da porosidade de pele, propondo a noção de pele-teflon. Articula tal fechamento a perspectivas elaboradas por Heinrich Von Kleist no ensaio Über die allmähliche Verfertigung der Gedanken beim Reden (“Sobre a fabricação gradativa dos pensamentos durante a fala”), privilegiando as relações entre pensar, falar e as alterações atmosféricas da Gemüt geradas por interações entre corpos em presença. A partir do texto de Kleist, também explorado por Deleuze e Guattari em Mil platôs, ressalta o aspecto problemático do isolamento e do confinamento em tempos pandêmicos, no que concerne à produção viva e à troca de ideias.

Detalhes do artigo

Seção
Artigos
Biografia do Autor

Maria Cristina Franco Ferraz, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Graduada em Letras (Potuguês/Literatura) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1976), graduada em Didática Especial de Língua Inglesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1977), mestre em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1982), mestre em Filosofia D E A - Universite de Paris I (Pantheon-Sorbonne, 1986), doutora em Filosofia - Universite de Paris I (Pantheon-Sorbonne, 1992), com pós-doutorados no Instituto Max-Planck de História da Ciência (Berlim, 2004) e no Centro de Pesquisa em Literatura e Cultura de Berlim (2007 e 2010). Desde 1994 é Professora Titular de Teoria da Comunicação da Universidade Federal Fluminense. Tendo se aposentado em abril de 2011, manteve-se ligada à Pós-Graduação da UFF até o final de 2012. Aprovada em novo concurso público, é Professora Titular de Teoria da Comunicação da ECO/UFRJ desde junho de 2012. De 1999 a 2005, dirigiu a Coleção Conexões, da editora carioca Relume Dumará. É pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Foi professora visitante nas universidades de Paris 8 (2000), Richmond (EUA, 2004), Perpignan (França, 2005, 2009 e 2013), Nova de Lisboa (2005 e 2013) e Saint Andrews (Escócia, 2005). Publicou os livros Nietzsche, o bufão dos deuses (no Rio e em Paris; segunda edição ampliada pela n-1, SP, 2017), Platão: as artimanhas do fingimento (no Rio e em Lisboa), Nove variações sobre temas nietzschianos, em 2010, Homo deletabilis - corpo, percepção, esquecimento: do século XIX ao XXI, e em 2015, L'homme effaçable: mémoire et oubli du XIXème siècle à nos jours (Paris) e Ruminações: cultura letrada e dispersão hiperconectada. Na área de Comunicação, tem-se dedicado à sub-área dos Fundamentos Teóricos da Comunicação e Cultura, desenvolvendo em inúmeros artigos e capítulos, sobretudo, os seguintes temas: contribuições de Nietzsche, Foucault e Deleuze para a Comunicação, subjetividade e cultura contemporâneas, estatuto da imagem, modernização da percepção, corpo e novas tecnologias, memória e esquecimento, ética e contemporaneidade. Participou da criação e coordenou junto à UFF e no Brasil, de 2009 a 2012, o programa de Doutorado Internacional Erasmus Mundus "Cultural Studies in Literary Interzones", integrado pela UFF e pelas universidades de Bérgamo, Perpignan, Tübingen e Jawarahal Nehru (Índia) - 5 instituições diplomantes - e mais 11 universidades (de diversos países) colaboradoras. Coordena desde 2017, junto ao PPGCOM da ECO/UFRJ, o programa Erasmus + de Mestrado Internacional Crossways in Cultural Narratives, integrado por 12 universidades estrangeiras.