A Temporalidade Criativa do Diálogo: Surpresa, Evento e Transformação Hermenêutica
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Resumo
Este artigo investiga a estrutura temporal da surpresa no contexto do diálogo face a face, propondo que esse fenômeno revela uma forma específica de temporalidade criativa, distinta do tempo cronológico linear. A partir da hermenêutica do evento de Claude Romano, da filosofia do tempo de Henri Bergson e das concepções dialógicas de Martin Buber e Hans-Georg Gadamer, argumenta-se que a surpresa constitui uma irrupção de sentido que desestabiliza expectativas e inaugura novas possibilidades de compreensão entre os interlocutores. Integram-se ainda os aportes de Giorgio Agamben, com sua leitura messiânica do kairós, e de Paul Ricoeur, cuja hermenêutica da metáfora e da conversão permite compreender a surpresa como potência poética e ética. Conclui-se que o momento de surpresa representa o núcleo de uma temporalidade do encontro, na qual se articulam linguagem, escuta e transformação recíproca.
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