Estética e crítica da arte em Jean-François Lyotard

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Ricardo Nascimento Fabbrini

Resumo

O artigo examina a relação entre estética e crítica de arte em Jean-François Lyotard. Mostra que nos comentários às obras dos artistas Barnett Newman, Arakawa, Adami, Daniel Buren e Karel Appel, entre outros, o autor afirma a possibilidade de uma “estética da presença imaterial”. Destaca que a crítica às obras desses artistas permitiu que Lyotard avançasse em sua crítica à representação, na medida em que as obras desses artistas evidenciariam na imanência da forma pictórica que o essencial da pintura não é a expressão do sujeito nem a nomeação do objeto, mas a “invocação da presença imaterial”.  Face às obras desses artistas, o fruidor seria por elas interrogado: “Algo ocorrerá?”. Mostramos, ainda, que nessa caracterização da arte como “presentificação do impresentificável”, o autor mobilizou, de modo singular, a noção de sentimento do sublime em Edmund Burke, Immanuel Kant, e Friedrich Schiller. Evidenciamos, também, que Lyotard reconheceu em sua crítica de arte diferentes níveis de tensão entre a “arte da presença” e o “trabalho da memória” efetuado na forma artística, denominando-o de perlaboração (durcharbeiten) - noção que aproximamos, aqui, da “dialética do material” em Theodor Adorno. Afirmamos, por fim, que as obras comentadas por Lyotard não podem ser subsumidas ao paradigma da comunicação, haja vista que seus fruidores vivenciariam na experiência da indeterminação da linguagem a “comunidade de uma falta” insurgindo-se, assim, contra a “beleza exorbitante” na sociedade da tecnociência.

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Artigos
Biografia do Autor

Ricardo Nascimento Fabbrini, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP)

Professor doutor em Filosofia (área: Estética) no curso de Graduação e no Programa de Pós-graduação em Filosofia no Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) (2008); e professor do Programa de Pós-graduação Interunidades em Estética e História da Arte da Universidade de São Paulo (PGEHA-USP). Possui graduação em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (1983) e Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (1986); licenciatura em Filosofia pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (1986); mestrado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1991) e doutorado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1998). É membro do Conselho Deliberativo do Museu de Arte Contemporânea da USP (Representante do Reitor). É membro do GT de Estética da ANPOF (Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia). É assessor ad hoc da Fapesp (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo). É membro do Conselho Consultivo dos seguintes periódicos: Rapsódia: almanaque de filosofia e arte do Departamento de Filosofia da USP; Kínesis: Revista de Estudos Pós-graduandos em Filosofia da UNESP; Filogenese: Revista Eletrônica de Pesquisa em Filosofia da UNESP; Revista Paralaxe (PUC - SP); Revista XIX: Artes e técnicas em transformação (UNB), Revista Negativo: filosofia, ciência e arte do FIL/ICH da UNB; Ipseitas: Revista de Filosofia da Universidade Federal de São Carlos. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Estética, atuando principalmente nos seguintes temas: estética, filosofia da arte, arte contemporânea, arte moderna, arte brasileira.