Dialéctica viral

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João Pedro Cachopo

Resumo

Parto de duas perguntas sobre a pandemia de Covid-19. O que revela sobre nós e sobre realidade que nos rodeia? De que modo transforma as nossas formas de vida e a mundo em que vivemos? Do cruzamento das respostas a estas duas perguntas emergem, em tons ora mais optimistas ora mais pessimistas, os possíveis posicionamentos sobre esta crise. Neste artigo, proponho um mapeamento destas respostas (em diálogos com autores como Žižek, Butler, Latour, Klein, Badiou, Nancy, entre outros) ao mesmo tempo que procuro um modo intempestivo de articular as duas perguntas. A hipótese que proponho, apresentada drasticamente, é a de que a pandemia não é o acontecimento. O acontecimento é a transformação das formas de vida (ou a “torção dos sentidos”, como lhe chamo noutro local) que ela já precipita antes de termos a oportunidade de tirar quaisquer conclusões, práticas ou teóricas, sobre o que a pandemia revela sobre o mundo.

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Artigos
Biografia do Autor

João Pedro Cachopo, Unversidade Nova de Lisboa

João Pedro de Bastos Gonçalves Cachopo estudou filosofia e musicologia em Lisboa (Universidade Nova de Lisboa), Paris (Université de Paris 8) e Berlim (Universität Potsdam e Humboldt-Universität zu Berlin). É actualmente professor convidado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde se doutorou em filosofia em 2011, com uma dissertação sobre o pensamento estético de Theodor W. Adorno. Em diálogo com a obra de autores como Nietzsche, Benjamin, Adorno, Lyotard, Deleuze, Rancière e Agamben, a sua pesquisa tem-se centrado na relação entre arte, crítica e política. Desenvolve actualmente um projecto de pós-doutoramento sobre os aspectos estéticos e políticos da relação entre as artes (com especial enfoque nas representações cinematográficas da ópera). Publicou Verdade e Enigma: Ensaio sobre o pensamento estético de Adorno (Vendaval, 2013), que recebeu o prémio do PEN Clube Português na categoria de Primeira Obra em 2014, além de diversos artigos científicos publicados em revistas como Artefilosofia, Colóquio/Letras, Música Hodie, Parrhesia: A Journal of Critical Philosophy, Opera Quarterly, entre outras. Traduziu Georges Didi-Huberman e Jacques Rancière.