Freud e a experiência da ficção

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Bernardo Barros de Oliveira

Resumo

A trilha aberta pela psicanálise freudiana para a questão da atividade psíquica do leitor/espectador é talvez menos bem mapeada do que a da atividade do artista, esta última marcada por um viés biografista ou patográfico, deixando no caminho algumas lacunas ou zonas de indefinição que tentaremos indicar, para a partir daí sugerir algum tipo de preenchimento destes vazios teóricos. As referências principais do artigo são os ensaios “Personagens psicopáticos no teatro” e “O escritor e a fantasia”. Tomando os dois como base, procuramos mostrar como Freud sugere uma gama de possibilidades de recepção ou participação na obra literária, sempre marcadas pelo caráter inconsciente destas e por uma discussão que pressupõe o tema do narcisismo, ainda inédito na época dos dois textos, essencial para a compreensão do apelo das histórias populares de aventura. Além disso, será relembrado o papel modelar do drama de Hamlet como personagem edípico, ressaltando aqui mais a perspectiva do espectador na recepção da ação. Neste ponto será também trazida a intepretação de T. S. Eliot da peça de Shakespeare.

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Biografia do Autor

Bernardo Barros de Oliveira, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Mestre em Filosofia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ (1992) e doutor em Filosofia pela mesma instituição (1997). Sua tese, na área de Estética moderna, intitulou-se O que significa orientar-se pela arte: uma leitura da Crítica da Faculdade do juízo. Atualmente é professor Titular do Depto. de Filosofia da Universidade Federal Fluminense. Atua no ensino e pesquisa em estética, filosofia da arte e história da filosofia. Membro do GT de Estética da Anpof e do Cefa (Centro de estudos em estética e filosofia da arte da UFF).

Referências

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