O que pode o corpo? Spinoza, na cabeceira dos esfolados

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Raphaële Andrault

Resumo

Tradução de Pedro H. G. Muniz
“Ninguém ainda determinou o que pode o corpo”. Alguns leitores da Ética entenderam esta sentença enigmática como a expressão da desconfiança de Spinoza em relação ao conhecimento médico. Segundo esta leitura, Spinoza consideraria o corpo humano como dotado de habilidades plásticas ou habilidades de inovação para as quais o quadro cartesiano estreito das ciências médicas de seu tempo não seria capaz de contabilizar. Neste artigo, argumento contra essa leitura levando em consideração as dissecções anatômicas que Spinoza atendeu e os livros médicos que ele leu. O objetivo deste artigo então é duplo: 1 / dar uma leitura histórica da representação analítica de corpos complexos que Spinoza endossou; 2 / contribuir para a discussão sobre as possíveis relações entre a interpretação semântica dos textos filosóficos e o estudo histórico do seu meio cultural.

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