Farmacologia e Filosofia da Tecnologia: A contribuição do diálogo Fedro de Platão
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Resumo
Fedro de Platão é o modelo paradigmático da reflexão crítica sobre a técnica, pois denuncia o caráter maléfico da escrita, destacando seus efeitos prejudiciais, especialmente ao promover o esquecimento, corromper a construção do conhecimento e forjar um simulacro de comunicação. Este artigo tem como objetivo analisar Fedro explorando a reflexão de Jacques Derrida que interpreta que, para Platão, a escrita é, acima de tudo, um phármakon, simultaneamente remédio e veneno. Enfatiza-se, assim, a fascinação provocada pela escrita, sua capacidade de transformar a ecologia social e desterritorializar o território, mas também a tendência da escrita em causar perturbações na efetivação do diálogo e o encontro com o outro. Os elementos que emergem dessa reflexão evidenciam a não neutralidade da tecnologia, enfatizando a abordagem farmacológica como uma contribuição relevante para o debate sobre o caráter não instrumental das técnicas presentes na filosofia da tecnologia contemporânea.
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